Carta do nosso seminarista

São Paulo, 19 de maio de 2013.

Graça e Paz Igreja
Olá Igreja aqui em São Paulo esta tudo tranquilo tirando a saudade de todos, mas como mencionei na carta anterior tem sido um momento único de aprendizagem, seja culturalmente, ministerialmente e de vida com Deus. Nestes últimos meses tenho experimentado muito do seu cuidado, provisão e amor.
Na carta passada tinha comentado que iria começar voluntariado no projeto Missão CENA, que atende a população da “cracolândia e boca do lixo”. Comecei a ajudar nas terças e quintas; terça-feira o projeto procura atender exclusivamente a população de rua, servindo almoço, banho, corte de cabelo, faz um breve período de devocional e louvor, no qual o objetivo é criar vinculo com os moradores, para fazer futuros encaminhamentos como: clinica (fazenda) de dependentes químicos e medidas de resocialização, que procura ajudar à integrar os “moradores de rua”, novamente, na sociedade resgatando a identidade de cidadão, que as circunstâncias levaram a perdê-la ou até mesmo esquece-lá.
Os dias que passo junto ao projeto tem sido de grande aprendizado, no qual vejo que ali conseguimos colocar em pratica o “amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo”, não se importar com cor, cheiro, opção sexual, crença, etc.; onde nossa maior preocupação é amar e servir, e crer que quem transforma é Cristo e que nosso ato de “servir e amar” é um instrumento de transformação e “convite de boas vindas para o reino”.
No projeto escuto muitas histórias e estórias, e nelas percebo que como igreja temos muito trabalho, que ainda de um modo consciente e inconsciente somos levados a agir com preconceito e  julgo. Queria compartilhar algo que aconteceu comigo no primeiro dia de projeto que me marcou muito, esta minha atitude vai justificar a minha conclusão acima em relação a “nossa” (minha) atitude como igreja.
Estava na porta do ginásio recebendo o pessoal, abraçando e beijando todo mundo que entrava, quando derrepente veio uma mulher, creio que ela deveria ter no máximo seus 50anos, estava muito magra ( como a maioria do pessoal da cracolândia), cara de cansada de quem não dormia um tempo, porém era muito eufórica no falar .... ela veio ao me encontro com lágrimas no rosto ... me abraçando e agradecendo por ter tomado um banho, trocado de roupa ...ela falava  que estava desesperada por um banho pois sentia-se  muito suja, que estava com uma diarreia a dias que não passava...assim estava a dias ansiosa por um “simples banho” ... até então era “mais uma história ou estória”. Mas derrepente acontece a cena que, francamente, foi a maior lição desde que estou em Sp, esta senhora me diz que era “soro positivo”, me puxa e me da um “super abraço” !! ...  adivinhem qual foi minha reação ... eu travei !!! por aqueles milésimos de segundos que pareceram horas ... eu não consegui abraça-la com o mesmo entusiasmo “cristão de bom moço”, que dava em todos e nesta moça também até saber seu “diagnóstico”.
 Irmãos naquele instante passou uma multidão de pensamentos e sentimento em minha mente ... que “me mostraram”  como ainda sou cheio de (pré) conceitos ...e de que muitas situações, eu vivo o versículo acima citado numa maneira teórica bem distante na prática.
Neste exato momento pareceu que o meu “mundo” parou, e conheci um lado que pensei que “não tinha”, o do (pré) conceito, mas digo que, com toda certeza, naquele instante foi quebrado. Pois o abraço que recebi dela expressando seu amor e gratidão foi o suficiente para me mostrar que vivemos, muitas das vezes, o “amar o próximo” na teoria e não prática e que quando realmente “queremos” fazer cumprir este mandamento temos que deixar e até mesmo nos esquecer de nossos conceitos que levam, em muitos dos casos, a ter e formar os nossos preconceitos. Sendo que esta situação vai determinar a “grau da profundidade” de nossos relacionamentos. Entretanto o “amar e servir”, sem ver a “quem e para quem”,é um exercício diário, fácil?? talvez, porém não é impossível.
Talvez lendo isso você se faça alguns questionamentos, concorde comigo ou não, me incentive ou até mesmo me critique, “não sei”. Mas algo que queria incentivar através desta minha experiência é para que vivamos o evangelho não somente na teoria, que tem sua importância também, mas que vivamos ele na prática, e a forma prática e teoria de viver o evangelho é amar e servir, e uma das formas deste “amar e servir” é ir além das quatros paredes das nossas igrejas.
Este tem sido meu desejo e mais um dos meus aprendizados aqui em São Paulo, sou muito grato por tudo isso, e por saber que a igreja tem sido um instrumento para que eu pudesse viver tudo isso.
Na carta anterior, tinha comentado sobre a possibilidade de ajudar na igreja de Tatuapé, infelizmente não deu certo, mas amém creio que Deus esta no controle de tudo e no momento exato as coisas vão se encaminhar. Assim gostaria de pedir para que igreja continuasse orando sobre isso. Mas fiquem tranquilos estou frequentando a IPI do Ipiranga, fui bem acolhido pelas pessoas da igreja.
Aproveitando os pedidos de orações, queria pedir que a igreja pudesse estar orando porque no dia 01/06 vou ter a oportunidade de levar a palavra numa “dormidinha” de adolescentes na Igreja de Jabaquara e Diadema, para que Deus pudesse estar me usando e que seja um momento especial na presença Dele.
Acho que é isso (...),  vou deixar mais novidades para próxima carta afinal já deram 03 páginas, e já devem estar cansados de ler ..hehehe
Igreja, Deus abençoe a todos, lembro sempre de vocês nas minhas orações, e mais uma vez obrigado pelo imenso carinho. Em breve estarei em casa, em Julho (férias ou não) heheh..

Att, Thiago Carneiro Ientz 

Postagens mais visitadas deste blog

Convocação para Reunião da Liderança

O SACRAMENTO DO BATISMO

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e o Movimento de Igreja em Células: Resolução da Assembleia Geral